Hanseníase: a doença que não morreu
A hanseníase é uma doença crônica infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium leprae, que se multiplica lentamente e pode levar de cinco a dez anos para dar os primeiros sinais. A patologia afeta principalmente os nervos periféricos e está associada a lesões na pele, como manchas esbranquiçadas ou avermelhadas, ressecamento e perda de sensibilidade. O diagnóstico tardio pode deixar graves sequelas, especialmente a incapacidade física com deformidades em mãos e pés, podendo levar também à cegueira.
Apesar de ser uma doença antiga, que remete aos tempos bíblicos, a hanseníase é atual e produz graves efeitos na população brasileira, que a segunda no ranking mundial de casos registrados, ficando atrás apenas da índia. Todos os anos, cerca de 30 mil brasileiros recebem o diagnóstico da doença. Até 1995, a Hanseníase era conhecida como Lepra. A lei alterou a terminologia oficial, mas que não representou mudança significativa nos desafios e preconceitos vividos pelos portadores da doença.
Segundo dados do Ministério da Saúde e da Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2017 foram detectados 26.875 novos casos no território brasileiro, o que representou mais de 93% das ocorrências registradas em países das Américas. Em 2016 foram 25.218 casos. 2018 registrou 28.660 casos. O cenário se agrava pelo difícil diagnóstico que torna o tratamento tardio. Poucos médicos estão preparados para enfrentá-la, o que sinaliza uma sensível subnotificação dos casos. Preconceito e falta de informação fazem com que os pacientes escondam a doença e vivam em isolamento social.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) colocou a hanseníase na lista de doenças negligenciadas, caracterizadas por serem patologias infecciosas e afetarem, principalmente, as populações que vivem em extrema pobreza. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), as doenças negligenciadas estão restritas a regiões tropicais e subtropicais com água não tratada, higiene e saneamento inadequados e condições de habitação precárias.
Transmissão
A hanseníase é contagiosa e transmitida pelas vias aéreas, mas 90% da população é imune. Ou seja, a doença só se manifesta em 10% da população contaminada. Os males se manifestam naqueles que têm predisposição genética e foram contagiados pela bactéria
Tratamento
A hanseníase tem cura e o tratamento é ofertado gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que oferece os antibióticos. O tratamento tem duração mínima de seis meses, mas pode se estender por anos, a depender do tipo da doença.