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Organização Mundial da Saúde “A Estratégia Mundial contra a Hanseníase 2016-2020: Acelerando para um mundo livre de hanseníase”

Em Setembro de 2016 aconteceu o 19 ° Congresso Internacional de Hanseníase em Beijing, China. Nesta ocasião a Organização Mundial da Saúde(OMS) lançou a nova estratégia mundial que visa revigorar os esforços para o controle da hanseníase.

De acordo com relatórios oficiais recebidos, o número de novos casos notificados globalmente em 2015 foi de 211 973.Este número indica o grau de transmissão contínua da infecção. As estatísticas globais mostram que 199 992 (94%) dos novos casos de hanseníase foram notificados em 14 países. A Índia detém cerca de 60% dos casos mundiais, seguido pelo Brasil e a Indonésia. Estes três países juntos respondem por 81% dos novos pacientes.

Em 2015 cerca de 8% dos novos casos de hanseníase já apresentavam deformidades visíveis no diagnostico inicial, o que demostra a lentidão do diagnostico. Cerca de 11% dos novos casos foram diagnosticados em crianças o que indica a alta taxa de transmissão nas comunidades afetadas.

Desde 1995, a OMS tem fornecido tratamento medicamentoso gratuito para todos os pacientes de hanseníase no mundo, inicialmente fornecido através do fundo de medicamentos da The Nippon Foundation e desde 2000 através de um acordo de doação com o laboratório Novartis.

Ações e recursos necessários

Para alcançar todos os pacientes, o tratamento da hanseníase precisa ser otimamente integrado nos serviços gerais de saúde.  O empenhamento político é imprescindível e deve ser sustentado em todos os países, mesmo após a sua eliminação. Os parceiros na eliminação da hanseníase também precisam assegurar que os recursos humanos e financeiros continuem disponíveis.

O estigma secular associado à doença continua a ser um obstáculo ao diagnóstico e ao tratamento precoce. A imagem da hanseníase deve ser alterada nos níveis global, nacional e local. Um novo ambiente, no qual os pacientes não hesitarão em apresentar-se para diagnóstico e tratamento em qualquer instituição de saúde, garantindo a não discriminação e a promoção da inclusão social.

A fim de revigorar os esforços para o controle da hanseníase, a OMS desenvolveu a “Estratégia Mundial contra a Hanseníase 2016-2020”.Enfatiza a necessidade de manter a especialização e aumentar o número de pessoal qualificado para a hanseníase, melhorar a participação das pessoas afetadas nos serviços de hanseníase e reduzir as deformidades visíveis – também chamadas deficiências de grau 2 (G2D) – bem como o estigma associado a doença. A estratégia também apela para um compromisso político e maior coordenação entre os parceiros, ainda destaca a importância da pesquisa e da melhor coleta e análise de dados.

Os três pilares principais:

Pilar I: Reforçar a apropriação, coordenação e parceria do governo

  • Garantir o compromisso político e recursos adequados para programas de hanseníase.
  • Contribuir para a cobertura universal da saúde, com especial atenção às crianças, mulheres e populações carentes, incluindo os migrantes, imigrantes e pessoas em deslocamento.
  • Promover parcerias com atores estatais e não estatais e promover a colaboração e parcerias inter setoriais a nível internacional e nacional.
  • Facilitar e conduzir pesquisas básicas e operacionais em todos os aspectos da hanseníase além de maximizar a base de evidências científicas.
  • Reforçar os sistemas de vigilância e informação sanitária para a monitorização e avaliação dos programas, incluindo sistemas de informação geográfica.

Pilar II: Parar a hanseníase e suas complicações

  • Reforçar a conscientização do paciente e da comunidade sobre a hanseníase.
  • Promover a detecção precoce de casos através da detecção ativa de casos em áreas de maior endemicidade. Gestão de contatos.
  • Assegurar o início imediato ea adesão ao tratamento.
  • Melhorar a prevenção e a gestão das deficiências.
  • Reforço da vigilância da resistência antimicrobiana, incluindo rede laboratorial.
  • Promover abordagens inovadoras para a formação, encaminhamento e apoio à especialização em hanseníase.
  • Promover intervenções para a prevenção de infecções e doenças.

Pilar III: Interromper a discriminação e promover a inclusão

  • Promover a inclusão social, abordando todas as formas de discriminação e estigma.
  • Valorizar as pessoas afetadas pela hanseníase e fortalecer sua capacidade de participar ativamente nos serviços de hanseníase.
  • Envolver as comunidades na ação para melhorar os serviços de hanseníase.
  • Promover a formação de coalizões entre pessoas afetadas pela hanseníase e encorajar a integração destas com outras organizações comunitárias.
  • Promover o acesso a serviços de apoio social e financeiro, por exemplo para facilitar a geração de renda, para pessoas afetadas pela hanseníase e suas famílias.
  • Apoiar a reabilitação baseada na comunidade para pessoas com deficiências relacionadas com a hanseníase.
  • Trabalhar para abolir leis discriminatórias e promover políticas que facilitem a inclusão de pessoas afetadas pela hanseníase.

Alvos da estratégia

Os objetivos da nova estratégia global a atingir até 2020 são:

  • Zero incapacidade entre os novos pacientes pediátricos.
  • Taxa de incapacidade de grau 2 de menos de 1 caso por 1 milhão de pessoas.
  • Zero países com legislação que permite a discriminação com base na hanseníase.

O aumento da capacitação das pessoas afetadas pela doença, juntamente com seu maior envolvimento nos serviços e na comunidade, nos aproximará de um mundo sem hanseníase.

Dra. Laila de Laguiche

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