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A dificil tarefa do Diagnóstico da Hanseníase

Sou hansenologista, e dermatologista há 18 anos. Dar o diagnóstico de hanseníase ainda é muito difícil para mim e certamente também para meus colegas de profissão.

O estigma que infelizmente esta doença ainda carrega dificulta muito nosso trabalho em todas as áreas da saúde.

Confesso que no inicio de minha carreira algumas vezes me deparei tentando encontrar outros diagnósticos que justificaria tais sintomas. As vezes protelava um diagnóstico evidente, com receio de precipitar-me. Solicitava e até repetia exames complementares. Imaginava as múltiplas consultas e acompanhamento que este paciente deveria se submeter nos próximos meses, nas possíveis reações adversas que porventura poderia comprometer o paciente e a dificuldade de abordagem social. A reação da sua família. O medo de rejeição e a incerteza da aceitação.

Sempre apaixonada pela hanseníase, este assunto acabou sendo corriqueiro na minha família, onde todos entendem e compartilham minhas frustrações e dilemas, se surpreendem quando escutam mitos bíblicos desta doença, como perda de dedos etc, são muito pro ativos contra a estigmatização e não tem medo algum de contrair esta doença, já que tiveram a oportunidade de conhecê-la. Não hesitei em perguntá-los o que eu poderia dizer de mais precioso a um paciente que acaba de receber seu diagnóstico de hanseníase. E qual foi minha grande surpresa quando escutei:” fale que tem cura!”

Eis o que eu gostaria de enfatizar aos pacientes que acabam de receber seu diagnóstico: saibam o quanto é e foi difícil seu médico chegar a seu diagnóstico, saiba que o preconceito é oriundo da desinformação, saiba que é normal ter medo e dúvidas. Voce deverá ser muito paciente. Conte com seu médico, que é capacitado para explicar todas suas dúvidas e ouvir suas queixas. A convivênciaserápróxima e longa, seus encontros mensais ou mais curtos ainda. Tome seus medicamentos corretamente pois será essencial para o sucesso de seu tratamento, efeitos secundários podem existir mas serão perfeitamente controláveis.

E acima de tudo: saiba que a hanseníase tem cura.

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